quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Algo sobre Dor




EU COMIGO MESMO DENTRO DE MIM

Marco Túlio de Urzêda Freitas

Sinceramente, não sei o que escrever agora. E o engraçado é que dentro de mim tudo está muito nítido e ... dolorido. Sinto vontade de chorar, mas ... não consigo. Será por quê? Com certeza devo ainda estar preso à ideia de que homens não devem mostrar seus sentimentos, não é verdade? Afinal, por mais que eu tente, não consigo deixar de lado esses malditos vinte e quatro anos de criação machista. É muito pouco tempo para me esquecer do meu pai dizendo que eu deveria comer, falar, me vestir como homem.


Na verdade, acabo de me dar conta de que existo para poucas pessoas além de mim mesmo. E isso me assusta! Os outros são os outros e ponto! São todos/as muito individualistas. Não se importam, não querem saber e ... continuam fingindo que se amam. Ah, mas como gostaria de compreender esse tipo amor! Acho que nem aqui nem na China eu seria capaz de fazê-lo. Mas vai saber também ... Quem pode garantir que por trás da minha sensibilidade não há resquícios de um nobre cavaleiro das trevas?!


Acredito, sim, que vestimos máscaras o tempo todo: de amor, de amizade, de admiração. Precisamos delas para dar significado à vida. Olha só que coisa mais ridícula e aterrorizante! E o que se poder fazer para modificar essa "tendência"? Gritar? Sorrir? Tentar entender? Não sei, pois tudo me parece confuso demais. Não consigo assimilar bem todas essas contradições. Uma prova disso é que apesar de sempre ter esperado tudo das pessoas, hoje tenho certeza de que ainda sou capaz de me decepcionar e ... me sentir desolado, sozinho, doente. As pessoas verdadeiramente têm o dom de me fazer sofrer. Sou mais um fraco na multidão.


Por um minuto senti falta de quando era criança, dos brinquedos, da inocência, dos castigos, da prisão, dos/as velhos/as amigos/as, dos palavrões que dizia bem baixinho para que meu pai e minha mãe não escutassem. Me recordo de tudo e de todos/as. É como se desejasse ter esse tempo novamente em minhas mãos, mas tivesse medo de revivê-lo. Muito estranho isso, mas também muito prazeroso. Engraçado.


Esses são reflexos de vozes apenas minhas. Este sou eu caminhando comigo dentro de mim, de minhas próprias angústias e descobertas. Uma viagem para a vida inteira.

2 comentários:

  1. mto corajoso, com toda certeza.

    obrigado por ter confiado.

    "As pessoas verdadeiramente têm o dom de me fazer sofrer. Sou mais um fraco na multidão."

    não estaria o dom em vc, mas de se fazer sofrido?

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  2. Acho que não. Na verdade, é meio difícil acreditar que alguém possa escolher
    o sofrimento. =)

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