domingo, 27 de setembro de 2009

Relato de uma Tentativa de Fuga



Uma combinação perfeita


Marco Túlio de Urzêda Freitas


Quase nunca me programo para sair de casa. Coisa de quem se dedica mais ao trabalho e aos livros do que a si mesmo. Por isso, não imaginava que um simples entardecer de sábado pudesse ser tão prazeroso.

Pela segunda vez, a Senhora P. e eu decidimos ir a um lugar que aqui chamarei de Refúgio. No caminho, conversamos sobre várias coisas: nossa vida profissional, nossos medos, frustrações e, é claro, sobre sexo. Nossa, mas como é bom falar de sexo, não é? Sei lá, parece que sentimos o prazer no pensamento, na boca, nas palavras que dizemos e ouvimos uns/umas dos/as outros/as. Às vezes, chegamos a nos sentir tocados/as. Olha só que coisa mais estranha!

Em menos de quinze minutos, avistamos o Refúgio. Tudo muito bem arrumado e aconchegante, músicas agradáveis, mesas cuidadosamente decoradas e móveis típicos de ambientes ... europeus?! Nos sentamos para conversar e ... acabamos conversando mais do que deveríamos. Sempre é assim.

Cada um pediu o seu café e o seu charuto tipo cigarrilha jewels: uma combinação perfeita para quem pretente se ausentar de si mesmo/a por alguns instantes. Muito bom sentir o gosto de um Café Viennense! Muito bom fugir da realidade! Nada de vício. Trata-se apenas de um momento como outro qualquer. Grandes prazeres e grandes descobertas. Outras percepções. Duas vidas e um sonho de felicidade.

sábado, 26 de setembro de 2009

Sobre o Papel da Educação no Brasil


AFINAL, O QUE SE ESPERA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL?



Marco Túlio de Urzêda Freitas



Não há dúvidas de que vivemos uma época de modismos. É moda gostar (ou pelo menos dizer que gosta) de comida japonesa, de assistir filmes europeus e de conversar sobre as fragmentações da pós-modernidade. Há pessoas, por exemplo, que logo após lerem uma citação de Stuart Hall no texto de outros/as autores/as já se olham no espelho e dizem: "Tenho várias identidades e por isso não sei quem sou". Da mesma forma, se perguntarmos a mil professores/as o que eles/as acham que poderia ser feito para diminuir os problemas sociais, com certeza quase todos/as responderiam mais ou menos o seguinte: “Ah, a solução para os nossos problemas é a educação, porque só a educação liberta o ser humano”.


O que me incomoda nesses modismos não é o fato de vários indivíduos compartilharem a mesma opinião sobre um determinado assunto. Longe de mim pensar uma coisas dessas! Na verdade, o que me faz sentir uma coceirinha na cabeça é o fato de a grande maioria desses indivíduos se apropriarem de certas opiniões para se fazerem parte de um grupo “da moda”, sem antes avaliar o peso das metas e objetivos que norteiam suas propostas. Como já exposto, muitos/as professores/as dizem que “só a educação liberta o ser humano”, mas será que todos/as eles/as sabem ao menos explicar de quê e quais pessoas precisam ser “libertadas”? Para que esta discussão seja mais didática (olha só que palavra maravilhosa!), sugiro que, a princípio, consideremos mesmo a educação como sendo a “salvadora do mundo”. Pensemos assim: “O conhecimento traz liberdade! Escolas e universidades podem, juntas, transformar a realidade social e nos tornar pessoas mais críticas e socialmente engajadas!”


Errado! A coisa não é bem assim. Se a educação é mesmo essa “cura”” para os problemas sociais, como poderíamos, então, explicar o silêncio cada vez mais notável do racismo no Brasil? Como poderíamos, também, discutir a pouca visibilidade das mulheres, dos povos indígenas, dos homossexuais, dos travestis, dos transgêneros e dos/as garotos/as de programa? Se a educação realmente pretende modificar a realidade para tornar a vida mais acessível a todos/as, parece no mínimo incoerente que essa mesma realidade permaneça voltada a grupos específicos, haja vista a quantidade de escolas e universidades públicas e privadas espalhadas pelo país. Neste ponto, me cabe propor algumas perguntas: "Onde está o problema? Por que essas vozes ainda são marginalizadas? Ou melhor, será que todos/as ao menos reconhecem a marginalização dessas vozes? Será que elas não fazem diferença no cenário político nacional?"


Ah, mas é claro que fazem! Aliás, elas fazem toda diferença, pois é quando tentamos ouvi-las que percebemos o nosso fracasso como seres humanos. Mas a questão é que os centros educacionais parecem não enxergar ou reconhecer essa “segregação de vozes” como um problema. É nessas horas que me convenço mais ainda dos modismos sobre os quais falei anteriormente. Olha só! Será que todos/as os/as professores/as e demais profissionais que definem a educação como “a solução para os problemas sociais” já leram a obra de Paulo Freire e, portanto, estão conscientes de que a voz do oprimido precisa ser libertada e a sua situação colocada em debate dentro e fora da sala de aula? De modo mais direcionado, será que o/a diretor/a de um colégio que aprova noventa e cinco por cento de seus/suas alunos/as para os considerados “melhores cursos superiores” em universidades públicas (a saber, Medicina, Odontologia, Farmácia, Fisioterapia e, quando muito, Ciências Biológicas) está preocupado com a consciência crítica desses/as alunos/as no que tange ao seu comportamento social? Quanto a isso, devo confessar que tenho minhas dúvidas.


"Mas não nos preocupemos, pois se o ensino regular não consegue formar cidadãos/ãs críticos/as, com certeza a universidade o fará”. Errado de novo! Como aluno de um curso de licenciatura, posso garantir que somos formados/as, primordialmente, para atuar no tão famoso e competitivo mercado de trabalho. Com exceção de uma ou duas disciplinas “mais críticas e humanizantes”, somos treinados/as para ganhar dinheiro. A parte da crítica e da cidadania entra como “atividade coadjuvante”, assim como acontece nos demais cursos de formação superior. No entanto, é bom deixar claro que a culpa não é dos/as meus/minhas professores/as, mas do sistema que os/as escravizou e que ao longo do tempo os/as fez acreditar na impossibilidade de subversão dos paradigmas institucionais. Definitivamente, “o buraco é mais embaixo”. Só para se ter uma ideia, mesmo dentro das universidades, tanto públicas quanto privadas, continua-se concebendo o conhecimento como individual e produzido essencialmente pelas classes elitizadas. Assim, trazer o marginalizado para o centro dessa “produção de conhecimento” se configura como um desafio aos poderes sociohistoricamente constituídos. “Que se danem as pessoas negras! Que se danem os povos indígenas! O conhecimento é aqui e somos nós que devemos produzi-lo!” É geralmente assim que percebo a situação nos ambientes formais de aprendizagem, ainda que de uma forma, digamos assim, não tão explícita e declarada.


Se queremos mesmo acreditar que a educação pode contribuir significativamente com a construção de uma realidade menos problemática e opressiva, isto é, que opere na resolução de problemas sociais mais urgentes, penso que, como professores/as e/ou cidadãos/ãs politicamente posicionados/as, devemos abrir os olhos para esses problemas e encará-los como verdades, e verdades das quais fazemos parte. A título de exemplo, ao defender os princípios da pedagogia feminista na formação crítica de homens e mulheres, Guacira Lopes Louro afirma que a transformação da realidade depende do seu desvelamento. Isso significa que devemos estar atentos/as às diversas formas de dominação vigentes na sociedade e, uma vez conscientes de seus efeitos, agir em prol de sua desestabilização.


Em outras palavras, é preciso ir além do mercado de trabalho, do capital e, é claro, do célebre e tão visado vestibular. É preciso transcender esse viés de “educação bancária” para sugerir uma forma de ensinar mais crítica e menos individualista. Mas isso dependerá do que cada um/a espera da educação no Brasil: se apenas retorno financeiro, teremos uma legião de pessoas “bem de vida”, mas possivelmente racistas, etnocêntricas, homofóbicas, enfim, alienadas e presas a um falso e conveniente conceito de cristianismo; se também uma espécie de crítica social e exercício de cidadania, teremos, com certeza, mais vozes podendo agir na luta por igualdade. Resta-nos saber, entretanto, se essa igualdade é um desejo comum a todos/as os/as brasileiros/as. Como ainda não há uma resposta para essa questão, sugiro que nos sentemos para assistir atentamente os próximos capítulos dessa história de descoberta e, sobretudo, de desafio e superação.


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Abaixo segue o vídeo de uma entrevista com a professora e militante pelas causas de gênero e raça bell Hooks. Nele, ela sugere que a educação deve de alguma forma ser crítica, no sentido de preparar os/as aprendizes para transformar a realidade.







QUESTÕES PARA DEBATE


1. Qual é a importância da cultura popular na construção de uma sociedade mais igualitária?
2. Na posição de professore/as, como podemos transformar nossas aulas em momentos de reflexão e crítica social?
3. Por que temos permitido que a educação se torne um mero produto de consumo?
4. Será mesmo que as primeiras nuances de transformação decorrem das práticas de sala de aula?



"Renascer" : uma Influência de Clarice Lispector

[Este poema é fruto de uma reflexão que envolve a vida de uma pessoa em especial e a trajetória da personagem Macabéa, de A Hora da Estrela - Clarice Lispector]


Renascer

Marco Túlio de Urzêda Freitas
(a uma amiga)

Sinta-se outra, com
alma diferente,
olhos de lua
e desejo de
ser para sempre
o mesmo brilho
de amor e de
esperança.
E tenhas,
em tua outra face,
a sombra de teu corpo
antigo, inocente,
mas fecundo.
E tentes renascer
em ti. Dois olhares
descobrindo-se felizes
e ansiosos.
Coisas de mulher
que se transforma
todos os dias.
Eterno renascer
em teu seio
sempre renovado
e apedrejado
por teus desejos
mais ocultos
e profanos.
Eis o milagre
de teu sorriso, mulher,
e de tuas lágrimas
de saudade.
Saudade de um
corpo e de uma
vida que se renovam
a cada instante.
Eternamente.






Uma Breve Reflexão sobre Macbeth


SHAKESPEARE AND THE GROWTH OF EVIL
IN THE PLAY MACBETH


Marco Túlio de Urzêda Freitas


One of the most distinguished aspects of a work of Art is its capacity to imitate reality. In this perspective, when we go to a painter’s exhibition or simply stop to read a book we are somehow invited to reflect on our own existence and how it goes on in a world full of beauty and contradictions. It happens because as human beings we have lots of conflicts which come from our most intrinsic feelings. Regarding the case of Literature, besides all these characteristics, we have something else to consider, that is to say, its power to make its content be always in progress and as such likely to be recognized both as an intimate and collective truth. Naturally, it could not be different with Willian Shakespeare in his play Macbeth, defined by many readers as a deep analysis of the human dark side. Despite the several examples that could be pointed out to illustrate this assumption, this essay aims at discussing the growth of evil in the character Macbeth. In order to do so, it will concentrate on four moments of the story: Macbeth before meeting the three witches in the forest, his thoughts after having met these creatures, the way he is influenced by his wife (Lady Macbeth), and, finally, the way he becomes responsible for his own actions.

As it is stated by Elaine Pilkington, the character Macbeth is a range of contradictions, which, in turn, implies the ambiguity of human nature. For instance, referring to the first and second moments of the play suggested above, it can be seen that he is initially presented as a brave and honest soldier and then as a false and deceitful man. Before his meeting with the witches, people regarded him as a fighter who would do everything to defend his country from any kind of evil. However, the irony of this recognition relies on the fact that after he is told about his future Macbeth begins to gradually cultivate a kind ruthlessness inside himself. In other words, after finding out that he would become the Thane of Cawdor, he is turned into a person whose objectives are mostly focused on his own achievements. Opposed to what we might imagine, Macbeth firstly thinks of murdering Duncan sooner than meeting his wife, as we can see in following excerpt:

“[Macbeth] This supernatural soliciting cannot be ill; cannot be good. If ill? Why hath it given me earnest of success, commencing in a truth? I am Thane of Cawdor. If good? Why do I yield to that suggestion, whose horrid image doth unfix my hair, and make my seated heart knock at my ribs, against the use of Nature? Present fears are less than horrible imaginings: My thought, whose murther yet is but fantastical shakes so my single state of man […]” (Act 1, Scene 3).


Although Macbeth begins to cultivate some thoughts totally divergent from his image at the very first moment of the play, he tries to avoid the decision to murder Duncan due to the difficulties imposed on someone who intends to break a taboo. The following passage can be quoted to illustrate this conjecture: “[Macbeth] But in these cases, we still have judgment here, that we but teach bloody instructions, which being taught, return to plague th’ inventor” (Act 1, Scene 7). That is why his wife, to be precise, Lady Macbeth becomes an important character in this part of the story. After all, she will be the one to guide Macbeth to commit his first crime and for this reason to fail both as a fighter and a human being. As readers, what we can see is that little by little Lady Macbeth helps her husband accomplish his needs. Thus, unlike many people state, she does not make Macbeth execute Duncan simply because he was already conscious of the things he would have to do to get the crown. In a different way, she strongly influences Macbeth’s actions by giving him some support to put his plans into practice (let’s not forget that he thought of killing Duncan for the first time before meeting his wife): “[Lady Macbeth] What beast was’t then that made you break this enterprise to me? When you durst do it, then you were, you would be so much more than man” (Act 1, Scene 7).

In contrast to his wife, who sees Duncan’s murder as a step toward the accomplishment of their plans, Macbeth feels a deep remorse for having killed a man of great virtue. However, by means of Elaine Pilkington, despite this profound remorse, “he does nothing to right the wrong. His fear of earthly justice compels him to make more inhuman choices”. Actually, one of the most notable consequences of this episode is the fact that after having committed the crime against Duncan Macbeth seems to assume his ambition and as such his role of agent of evil. For instance, he tells some other murderers to execute Banquo and Fleance without thinking of ethics and morality only because he feels somehow threatened by them:

“[Macbeth] O, full of scorpions is my mind, dear wife: thou know’st, that Banquo and his Fleance lives. […] There shall be done a deed of dreadful note. […] Scarf up the tender eye of pitiful Day, and with thy bloody and invisible hand cancel and tear to pieces that great bond, which keeps me pale” (Act 3, Scene 2).

Another example of the growth of evil in the character Macbeth can be seen in his plans toward Macduff’s wife and children. Just like he did with Banquo and Fleance, he tells some people of his own to kill them without compassion: “The Castle of Macduff, I will surprise, Seize upon Fife: give to th’ edge o’ th’ sword his wife, his babes, and all unfortunate souls that trace him in his line” (Act 4, Scene 1).

To put it briefly, one of the greatest aspects of the play Macbeth is the growth of evil inside the title character. As it could be seen throughout this essay, firstly Macbeth is defined as a noble man given that he seems to fight for the good of his country. A short time later, after meeting the three witches in the forest, he begins to cultivate a huge feeling of ambition for they told him that he would become the Thane of Cawdor and soon the king of Scotland. Thus, with the help of his wife, Lady Macbeth, Macbeth starts to accept his own nature. Moreover, as a result of this acceptance, he assumes the consequences of everything he planned to succeed in life. According to Edilene Ferreira Ramos, this happens with the process of becoming a creature, to be precise, a kind of devil. In a few words, after having heard the predictions set by the witches, Macbeth turns himself into a being like them: a person (or creature) without feelings and eternally rooted in darkness.


Com Quem e Onde Aprendemos a Viver?

"Leda e o Cisne" (1599) - Peter Paul Rubens


De Repente, uma Senhora Triste

Marco Túlio de Urzêda Freitas

Sempre que saio à noite da faculdade, volto para casa irritado. Ah nem, você acaba de dar aula às oito e quarenta da noite, cansado, e ainda tem que pegar um ônibus que demora quase uma hora para passar ... Vou te contar, viu?! Agora, quando volto mais cedo, a história é outra: sinto vontade de sorrir, sei lá ... de ver as coisas mais de perto, pelo menos. Gosto de admirar a paisagem do campus onde estudo. Tudo muito tranquilo. Tudo muito verde. Começo, então, a fazer planos, a pensar na vida, nos problemas ... a sonhar intensamente. Acordado.

Ao entrar no ônibus, tiro a mochila das costas e logo procuro um lugar para me sentar. Já "confortável", ensaio várias vezes a leitura de um livro, mas quase sempre acabo me deixando levar pela necessidade da reflexão, do silêncio. Por isso, raramente presto atenção nas pessoas que entram depois de mim, se estão alegres, amarguradas, angustiadas, enfim, se estão de alguma forma ... vivas. Tudo bem, sei que isso denota um certo egoísmo de minha parte, mas ... quem às vezes não sente vontade de ficar sozinho e de não olhar para os lados?

O fato é que nesta semana me aconteceu algo muito estranho, algo que me fez repensar essa postura de total alheamento em relação aos outros. Estava eu quieto, como de costume, lendo (olha só que proeza para quem sempre acaba trocando a leitura pelo silêncio reflexivo!) em uma das últimas fileiras do ônibus, quando alguém se sentou ao meu lado. A princípio, nem percebi que se tratava de uma senhora com idade para ser minha avó.

Depois que ela passou, não lhe dei mais importância. De repente, vi que ela estava conversando comigo, me contando algo ... Nossa, mas como achei isso estranho e ... desconfortável! Continuei lendo meu livro, pois não estava muito disposto a conversar. Mas ela insistiu me dizendo que havia acabado de sair do médico e que dessa vez ela conseguiria parar de fumar. Quando curvei meu rosto para olhá-la ... meu Deus, mas que semblante triste! Naquele mesmo instante, me senti cansado e ... cheio de culpa por não ter dado atenção à uma pessoa que sofria tanto, que talvez precisasse como nunca ouvir uma palavra de apoio, de cuidado.

Acho que nunca vi uma expressão mais triste em toda minha vida. Me senti no dever de não apenas escutá-la, mas de fato falar com ela, dar minha opinião ... algo de ... não sei ... de um jovem amigo, de um filho, de um neto. Ela continuou dizendo que já havia tentado abandonar o cigarro várias vezes, mas que todas as suas tentativas haviam fracassado. Eu fiquei pensando ... "O que dizer?!" Acabei conversando mesmo com ela, dizendo que essa fase iria passar, que Deus estaria ao seu lado para lhe dar forças (pois vi que se tratava de uma senhora religiosa), que o importante era se dar conta de que é preciso lutar para superar essas barreiras da vida etc. E ela disse mais ou menos o seguinte: "É, meu filho, agora tem que dar certo, pois se não der ... bato as botas".

Agora, me pergunto: Por que temos a tendência de evitar as pessoas? Por que somos tão ... individualitas, a ponto de não percebermos um pedido de ajuda? Por que não olhei para essa senhora no exato momento em que ela se sentou ao meu lado? De uma coisa estou certo: estes quinze minutos foram de uma aprendizagem sem tamanho. Acho que as reflexões de um mês não me seriam tão valiosas quanto essa conversa. Por fim, a senhora se levantou para descer do ônibus. Engraçado isso, não é?! Chamo-a de "senhora" porque não sei o seu nome, e nem ela o meu. Olha que coisa! O ponto mais alto desse dia foi quando ela me olhou com ternura e sorriu, como se com este sorriso ela quizesse expressar algo de ... gratidão. Parecia mais feliz. E eu ... de certo modo, renovado e disposto a olhar os outros mais de perto.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Notas Líricas sobre Amor e Eternidade



CONTATO


Marco Túlio de Urzêda Freitas


Não quero apenas beijar-te os lábios

e tão pouco acariciar teu corpo

de repente, por alguns segundos.

O que quero é penetrar teus sentimentos

e deixar meu corpo dentro do seu mais íntimo

ser, atingindo, assim, teus mais úmidos prazeres

e pecados. Como o ar, quero dar-te vida!

Quero, além disso, cavalgar por teus membros e fazer-te

a voz mais cálida e pastoril deste lugar. Nem que seja para

calar-me eternamente, eu quero viver dentro de ti,

atrelado ao teu corpo e ao teu sangue, para sempre.

Quero morrer em ti, grudado a tua carne, e sobre ela

derramar minhas últimas lágrimas, o meu lamento

de saudade, minhas angústias derradeiras.

Eis o que te apresento, ser iluminado:

uma simples, erótica e sublime

imagem do amor.





Frida Kahlo e o Significado da Arte



FRIDA KAHLO:
beleza, mistério e revelação


Marco Túlio de Urzêda Freitas


Sem dúvida, uma das maiores artistas de todos os tempos, Frida Kahlo não teve medo de se expressar e de viver intensamente. Em seus quadros, cores que retratam os momentos de uma vida difícil, melancólica, subversiva e, de certo modo, muito feliz. Por isso, as pessoas se identificam tanto com a sua história, com seus autoretratos, enfim, com a toda intimidade que emerge de sua arte. Tudo parece muito surreal e, ao mesmo tempo, concreto, empírico. Cenas e traços complexos, estranhos ... belos, simplesmente. Telas que não apenas expressam, mas dizem. Figuras em movimento. Olhares que nos contam histórias. Algo profético e sublime. Eis o que Frida Kahlo nos apresenta: beleza, mistério e revelação. Uma quebra de paradigmas através da mais lírica simplicidade.






ALGUNS QUADROS



Frida e Diego Rivera - 1931


Henry Ford Hospital - 1932


Las Dos Fridas - 1939


Autorretrato Dedicado al Dr. Eloesser - 1940


La Columna Rota - 1944


Sin Esperanza - 1945


El Venado Herido - 1946



CENA DO FILME "FRIDA"








Música